sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O Olhar de Mário


Mário olha longe
Percorre a distância longa
Que lhe separa dos seus algozes
Mário olha mas não vê

Seus olhos de menino assustado
Se afogam num mar enfurecido
E Mário não sabe
Se são homens ou não são homens
Os homens que lhe rodeiam

Os olhos de Mário pedem
Rogam e suplicam
Pede algo que Mário nem sabe certo
Porque sabe que não terá

Mário pede que sejam homens
Os homens que lhe rodeiam
Tenham alma e ainda lhes sobre
Algum coração no coração

Mário se cala
Para ouvir seu coração e ter certeza
Que ainda vive sua alma
Mário espera, pede e pede
Pede algo que Mário nem sabe certo
Porque sabe que não terá

Mário pede piedade
Grita calado e pede piedade
Grita e fica rouco
É o seu silêncio que grita
Sua alma que se estica mas nada alcança

No silêncio do seu olhar
Mário olha para fundo do seu ser
Mário roga aos deuses que desconhece
Cria divindades que lhe livrem
Mário olha mas não vê

Mário percorre o tempo com seu olhar
Admira o passado acumulado
O presente conturbado
E o futuro prestes a terminar
Mário cobiça ás crianças que lhe olham
O futuro que lhes resta

Num olhar microscópico
Mário se lembra de tudo que fez
Se arrepende do que não fez
E espera que o destino chegue
E leve para longe sua existência

Mário olha para todos
Olha para mim e pede piedade
Esse sentimento que escasseia
Mário olha e pede.

Nelson Livingston

1 comentário:

Kidjomalu disse...

Mário
A população te condenou
Você roubou ou não?
Matou ou não?
De que adianta responder agora?
Onde estão os cinzentinhos?
Protegem a população dos ladrões?
Ou os ladrões da população?
Lembraste do colar de fogo do Tigana?
Onde está ele agora?
Qual é a sensação de ter um identico?
Mário?
Mariooo...