terça-feira, 24 de março de 2009

Se eu Sou Tomanguito?


Se Tomanguito está no Joni
Ou no Chiveve
Que diferença grande isso faz Melita?
Está longe do mesmo jeito!
É mesma dor
Mesma saudade no peito

Saudade que na ignorância
Da dor que cria
Nas almas que esfria
Não se importa com a distância
Ela nos aperta o coração
Mesmo que estivéssemos só
Do outro lado do rio

Agora,
Se eu sou Tomanguito
E ou Tomanguito sou eu
Isso é toda outra coisa
Isso sim faz toda diferença

Nelson Livingston

quinta-feira, 19 de março de 2009

Saudade da Amélia Mudungazi


Ai Amélia!
Quanto tempo que não escreves!
Não dizes nada
Para mim, Tomanguito, o mundo
Nem carta
Nem notícia
Nem novidade
Nem nada!
Tu está num silêncio xi!
Watani Melita?

Eu posso até entender porque não escreves
Posso imaginar que os apertos da vida
Te estejam apertando tanto
Que não te deixam escever
Mas esse saber todo
Esse imaginar perfeito
Não mata a saudade que me mata
Saudade de ouvir-te dizer algo.

Escreve Melita!
Vai?
Me diz se trouxeste caju de Macie
Para o branco educado
Aquele que como eu, te chama menina Amélia
Que diz “bom dia menina Amélia”
Aquele que como eu, gosta de cozinhar
Trouxeste caju para ele Melita?
E para mim trouxeste oque?

Manda notícias vai Melita
Ou de tanta saudades
Vais me matar himatensão

Nelson Livingston

domingo, 15 de março de 2009

Pensando Amanha


Longe como eu me sinto
Longe de ti e de mim
Me pergunto
Por quanto tempo ainda existirei
As vezes tenho vontade
De ter medo do amanhã
Mas depois do ontem
E do hoje
Não me sobraria mais nada sem o amanhã

Mas eu acredito.
Acredito
Acredito que antes que o sol se ponha
Ele ainda terá que brilhar muito
E mesmo depois
Deixará luz suficiente
Para iluminar os dias que estaremos, eu e ele
Ausentes de ti.


Nelson Livingston

sábado, 14 de março de 2009

Sabado Pela Manha


Hoje é Sábado
Dia que acordo tarde
Nesse tempo que sendo meu
Todo meu
Não é muito nem pouco
Não precisa ser contado
Nem pode ser cedo nem tarde

Acordo como as aves do campo
Com a cabeça bem vazia
Cheia de agenda nenhuma
Posso voar, fazer soar meu canto
Posso alegrar a tristeza
Entristecer a alegria de nostalgia
Posso muito
Posso quase tudo

Hoje acordo distante
Bem longe de mim mesmo
Acordo cheio de desejos
Alguns até proibidos
Mas o dia é meu
O tempo também todo meu
Quem se atreveria a proibir-me coisa alguma?

Hoje é aquele dia que vivo esperando
E em chegando rogo que se vá embora
É que depois dele vem o Domingo
Dia mais calmo, mais Santo.
Dia mais divino
Mais não meu.

Nelson Livingston

quinta-feira, 12 de março de 2009

Cinco anos Depois...


Em Memória de Manuel Livingston tirado de mim pelo destino num trágico acidente

Olha lá pequeno!
Percebeste que já meia decada se foi
Desde que você se foi
É isso mesmo!
O tempo tem esse mania de nos destrair
As vezes parece que parou
E outras vezes anda tão depressa.
Corre e até voa
Que nem lhe podemos seguir as pegadas

Passaram sim Manuel
Cinco anos desde que nos inundaste em lágrimas
Com tua violenta partida.

O engraçado mesmo
É que tua presença ausente
Tem sido um mistério

O tempo passou
Muita coisa mudou
Mas tua existência
Continua real penetrante
É nessa hora que brigo com a morte
Que te levou
Brigo consciente da sua invencibilidade

Escrevo-te hoje
Com muitas saudades
Saudades dos momentos
Que o destino nos proibiu

Nelson Livingston

segunda-feira, 9 de março de 2009

MINHA DIFÍCIL TAREFA


Como é difícil falar-te
É que tenho que encontrar palavras certas
Essas que hoje andam raras

Palavras perfumadas
Com sentido único
Não posso correr o risco de me não entenderes
Ou pior ainda
Me entenderes mal

Palavras nitidas
Virgens de significados
Onde encontrá-las?

As vezes passo a noite inteira
Soletrando as estrelas
Aprendendo com o luar
A simplissidade de sua voz

Chega a madrugada
A frescura do orvalho me encoraja
Mas em nascendo o sol o medo chega
E me cega
Já não sei como te falar

Nelson Livingston

quinta-feira, 5 de março de 2009

Se eu fosse Tomangito


Se eu fosse Tomangito
Ai como eu queria ser!

Se eu fosse Tomangito
Teria uma melita toda melosa
Por quem lutar pra merecer
Luta que difícil seria
Já que essa Melita
Sendo como penso que é
Seria colmeia sem abelha
Favos de docura
Adorno dos meus sonhos machos

Se eu fosse Tomangito
Rogaria aos deuses
Que me ensinassem a arte de amar
Não amar mulheres várias
Amar mulher única
De formas várias
Amar na solidão e na presença
Nas distâncias que o destino fabrica
Na luz do sol e na escuridão
Amar no inverno e no verão
No coração, na poesia e no viver
E que conhecendo Melita
Como penso que conheço
Sei que os deuses não a negariam isso
Quem não merece ser amada

Se eu fosse Tomangito
Como pilar da minha cabana
Suportando o peso da vida
Me plantaria no centro do seu existir
Deixava Melita respirar
Sem se preocupar com quanto ar lhe resta
Suspirar sem medo que lhe oiçam

Há-de ser que dias de lágrimas houvessem na Melita
Fosse qual fosse a nascente
Se eu fosse Tomangito
Quereria ser uma sombra
Um esponja
Que lhe refrescasse
E absorvesse o mar nos olhos

Se eu fosse Tomangito
Chamaria Melita de, Menina Amélia
Aprenderia a gostar de cozinhar
E lhe pediria caju da Macia

Ai como eu queria ser Tomangito!

Nelson Livingston

quarta-feira, 4 de março de 2009

Eu tento entender-te


Eu até tento entender-te
Tento escutar oque não dizes
Por medo ou pena de mim
Não dizes
Não dizes mas oiço

Eu até volto no tempo
No tempo distante que nem conheço
Vejo-te nele
Aprendendo a vida
Lições dolorosas
E tento entender-te

Nos dias que vejo lágrimas nesse teu rosto
Sinto o sabor de minhas
Derramadas nas estradas que percorri
Nas perdas que descobri
Ou encobri

Minha única dor
É perceber que pensas em ti
Te encontras em mim
E meu universo se funde no teu

Nelson Livingston

domingo, 1 de março de 2009

Carta para Amelia Mudungazi!


Chiveve, Março de 2009

Oh Melita!
Me desculpa a intimidade Amélia.
Faz tempo que vivo roendo as unhas de nervoso.
A vontade e o recieio de te escrever vivem se misturando numa salada danada, nem imaginas.
Primeiro andei me perguntando oque escreveria se te escrevessse.
Que assunto trataria na carta que te escrevesse.
Oque eu diria.
Me perguntei até como te chamaria.
Como começaria a carta?
Cara, querida?
Te chamaria Amiga, conhecida, desconhecida, Amélia ou Melita?
O tempo foi passando Amélia, fui lendo tuas escrevinhanças e admirando a tua grandeza.
As tuas lutas diárias, tua generosidade, a dor não ser compreendida ou pior ainda de ser mal compreendida enfim fui, sem quer, “vivendo” a sua história.
E por falar em sua história, ela se torna bem mais importante quando acredito que de alguma forma representa oque outras milhares de Amélias vão vivendo.
Fui perdendo o receio pois mesmo que não tivesse algo por dizer, sei agora que ja tenho algo por dizer.
Bem Hajas Amélia
Nelson Livingston

Entenda!


Entenda!
Quando te enfrento
Me enfrento a mim
Não é a ti que temo
Mas a mim mesmo
Me descubro na mais profunda forma
Dolorosa e as vezes nojenta
Deveras assustadora
É como estar diante dum espelho
Uma espada que entra na alma
E disseca-me o coração
E como estar no Éden
Nú e sem folhas para se esconder
Olhar para os lados
E ver-te em toda parte
Ouvir-te em todos os sons
Quando me escondo no silêncio
Procuro olhar para longe de mim
Procuro encontrar um refúgio
É tudo sobre mim
Entenda!
Nelson Livingston