sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
O Olhar de Mário
Mário olha longe
Percorre a distância longa
Que lhe separa dos seus algozes
Mário olha mas não vê
Seus olhos de menino assustado
Se afogam num mar enfurecido
E Mário não sabe
Se são homens ou não são homens
Os homens que lhe rodeiam
Os olhos de Mário pedem
Rogam e suplicam
Pede algo que Mário nem sabe certo
Porque sabe que não terá
Mário pede que sejam homens
Os homens que lhe rodeiam
Tenham alma e ainda lhes sobre
Algum coração no coração
Mário se cala
Para ouvir seu coração e ter certeza
Que ainda vive sua alma
Mário espera, pede e pede
Pede algo que Mário nem sabe certo
Porque sabe que não terá
Mário pede piedade
Grita calado e pede piedade
Grita e fica rouco
É o seu silêncio que grita
Sua alma que se estica mas nada alcança
No silêncio do seu olhar
Mário olha para fundo do seu ser
Mário roga aos deuses que desconhece
Cria divindades que lhe livrem
Mário olha mas não vê
Mário percorre o tempo com seu olhar
Admira o passado acumulado
O presente conturbado
E o futuro prestes a terminar
Mário cobiça ás crianças que lhe olham
O futuro que lhes resta
Num olhar microscópico
Mário se lembra de tudo que fez
Se arrepende do que não fez
E espera que o destino chegue
E leve para longe sua existência
Mário olha para todos
Olha para mim e pede piedade
Esse sentimento que escasseia
Mário olha e pede.
Nelson Livingston
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
O Colar da Morte
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Saudação
Mutsago, um amigo virtual me saudou de Lisboa essa manhã:
Nelson
Concentra-te neste dia que desponta!
Pois ele é a vida,
A própria vida em seu breve curso.
Jazem nele todas as verdades e realidades
de tua existência :
A felicidade de crescer,
A glória de agir,
O esplendor da beleza;
Pois o dia de ontem é apenas um sonho
E o amanhã uma visão,
Mas o dia de hoje , bem vivido ,
Torna cada dia passado um sonho de felicidade e cada amanhã uma visão de esperança.
Concentra-te , portanto , neste dia !
Neste dia maravilhoso que desponta.
Sucessos
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Perdido no Lugar Certo
É como o horizonte
Só pode ser...
Imaginário e real
Que Equívoco meu Deus!
Cada vez distante e muito próximo
Distante para que se corra atrás dele
Que nos encha de vontade de fúria
Essa loucura que não nos deixa viver enquanto não o achamos
Próximo para que não seja um sonho
Para que tenha carne e possamos apalpar
É sim um equívoco
Lugar certo para se perder
É sim Ekhuro Yo Ophenta
E lá, perder-se é o melhor que se faz
Nelson Livingston
Os Povos do Meu Povo
Eu e o povo
Há muito povo
Povo que nada diz
Que tudo diz
Povo que nunca quis
Ser povo
Ser feito povo
Ser chamado povo
Tem povo grande
Povo gordo
Tem povo corvo
Que come
Fica preto
Não engorda
E come
Povo que manda
Que anda
Mas não sobe chapa
Tem povo que canta
Que grita
Povo que rouco de cantar fica
Rouco de ficar rouco
Tem povo que escreve
Que juntas estrelas
Areias da praia
E se diverte
Povo que com palavras
Escritas
Nada diz tudo diz
Come e na engorda
Grita e fica rouco
Mas escreve
E vive
E fica povo
Tem povo que anda
Que se esfomeia
Povo que trabalha e cansa
Tem povo que vai e vem como onda do mar
Sobe chapa cem, duzentos, trezentos
Chapa mil
Sobe e desce como ondas do mar
Povo que vai ao mar e não traz peixe
Porque o povo já pescou
E não deixou peixe para o povo
Tem povo que morre
No fogo e na morte
Povo que morre nas mãos do povo
Povo que tira o peixe que o povo não pescou
E povo não fica calado sem peixe
Mata o povo com seu próprio povo
Tem povo que espera
Nas margens do rio
Povo que pensa que o Zambeze
Deixará de ser rio
Sairá do leito
E ficará nas margens
Esperando que o Save
Deixe de ser rio
Povo que só chora
Não canta
Nem Dança
Não escreve e nada alcança
Ah! Tem muito povo esse meu povo
Povo que nada diz
Que tudo diz
Povo que nunca quis
Ser povo
Ser feito povo
É tanto povo que nem sei
Qual é o meu povo
Que povo sou eu
Nelson Livingston
domingo, 24 de fevereiro de 2008
A VIAGEM
Navega leve sobre meu mar
Sobre cada milímetro do meu desejo
Essas ondas que só nós vemos
Vai remando
Escavando minha alma inocente
Instantes eternos dessa viajem eterna
E com cada remada
Uma lufada de ar
Esperança dum futuro distante
Um porto para atracar
Vai minha vela acesa
Solta, vigorosa, carnuda e gloriosa
Vai saboreando momentos
Colhendo ventos
Te saciando de forças para a viajem
Vai para o infinito meu barco
Lá onde não há limites
E tudo faz sentido
Onde os tempos se fundem
E não há passado, não há presente
E não há futuro
O tempo não se mede
Nelson Livingston
sábado, 23 de fevereiro de 2008
À KARINA (IV)
Te escrevo hoje do ventre que te concebeu
Da beleza que te nutriu
Te escrevo do peito que ainda sugas
Enquanto o tempo te espera
Te escrevo porque te conheço
E te desconheço
Porque queria poder fazer parte de sua história
Te escrevo porque existimos
Na mesma história que já existe
Te escrevo porque temos algo em comum
Amamos com amor diferente embora
Essa alma que nos gerou
Eu com amor distante
Que se chama amizade
E tu com amor sem distância pra medir
Amor de sangue, leite e vida
Escrevo porque quero que fique claro
Que tens uma rua só tua
No emaranhada da cidade do meu coração
Tens uma suite só tua
No hotel universal da minha alma
Nelson Livingston
À KARINA (III)
E olha que nem asas tenho
Como posso então voar
Como posso ter medo de voar?
Tenho medo de lá do alto Karina
Ver você sorrir, sonhar
E na companhia dos anjos
Ganhar coragem de falar-te coisas bonitas
Coisas celestiais
Tenho medo de voar Karina
Ir para o infinito
Onde tudo faz sentido
Perder a noção das coisas
E nunca mais fechar as asas
Tenho medo Karina
E esse medo cresce
Com cada batimento do coração
Esse medo cresce em segredo mas cresce
Nelson Livingston
Me Beija Borboleta
Me beija borboleta
Me enche de beijos, de nuvens, de chuvas
Me enche de tempestades
Ventos fortes e fracos
Me beija borboleta
Me enche de cores
De dias e melodias
Me enche de liberdade
E de sonhos
Me beija borboleta
Me deixa voar nas tuas asas
Na fragilidade do teu coração cansado
Me deixa deslizar contigo borboleta
Na suavidade do vento
Me beija borboleta
Me beija como beijas as flores
Como te disfarças das dores
Eu sei que não sou flor
Mas me beija
Me beija borboleta
Me beija breve
Me beija leve
Não me grude eu na tua alma
Me beije num instante eterno
Viva eu na memória desse beijo
Me beija borboleta
Me beija agora
Me beija amanhã
Me beija ontem e sempre
No tempo que não existe e não se pode medir
Me beija eternamente borboleta
Nelson Livingston
DESCREVENDO IVONE (IV)
E a politica Ivone
Esse sangue que te ferve nas veias
Um país inteiro comprimido
Nessa tua alma de mulher pequena
Pequena para quem te olha
Quem te vê
Pequena para quem tem fome de grandeza
Nós que escolhemos não te olhar nunca
Não te ver jamais
Só vemos grandeza
Grandeza que sem querer nos faz grandes
E essa fome por uma pátria amada
Mais bem amada
Amada por amantes todos
Amada hoje e manhã
Essa esperança
Que cresce como uma bola de neve
Que leve desce e cresce Junta esperanças e cresce
A Ivone politiqueira que também conhecemos
A Ivone que nos faz dormir e sonhar
Com um amanhã diferente
Nelson Linvingston
À KARINA (II)
E tenho medo que o segredo
Que a noite soube esconder
O Dia não se importe em revelar
O vento já sopra forte
E como a morte que a ninguém ouve
Já desgrenha meu cérebro ocupado
Levando pra longe
As folhas verdes dos meus sonhos
As ruas da minha alma já estão movimentadas
Já tocam sinos nos templos
Acordando os monges
Aos rituais dos amantes
O sol já aquece a vida
Já amolece a cera
E já endurece o barro
Paradoxo não achas Karina?
Que a vida seja também morte
Alegria também tristeza
O tempo vai passar depressa eu sei
Vai ser longo demorado eu sei
Isso também é um paradoxo
Mas a noite vai voltar
A alma vai se soltar
Eu me esconderei outra vez
No escuro dos sonhos
Até que o sol
Cedo volte a nascer
E é um pêndulo eterno
Um vai e vem saboroso
De noite te tenho
De dia me tens
De longe te vejo
E de perto te desejo
Nelson Livingston
DESCREVENDO IVONE (III)
Hoje empunhei o bisturi
E te esquartejo a alma poética
Esse poço que destila palavras
Manancial de sabores em verso
Meu medo se foi Ivone
A alma poética cresceu
Me fiz adulto
E suporto qualquer insulto
Hoje mergulhei fundo
Nas entranhas que te concebem os rabiscos
Esses fogos que se espalhas nas letras
O girassol gira e gira
A vida vai e vem como o mar
E a cada manhã
A poesia nasce dos teus dedos
E rabiscas e rabiscas
E crias mundos sólidos
Vividos e ou por viver e rabiscas
Rabiscas sorrisos e lágrimas
Mel e fel
Rabiscas a vida nua e crua
Tempestades e bonança
Nada artificial
E rabiscas e cresces e cresces
Na sintonia do Zambeze que cresce que se alastra
Que alcança outros mundos outras vidas
E rabiscando rabiscas vidas
Plantas esperanças
E rabiscas
O sol se põe
E o mundo adormece
Mas a vida dentro de ti rabisca e rabisca
Um furacão cresce ao sabor do silêncio
E pela manhã
Em nascendo o dia
Rabisca e rabiscas
Nelson livingston
À Karina(I)
Que meus olhos não te vissem nunca
Que em momento algum
De forma alguma nossos caminhos cruzassem
Pedi que meu coração não adormecesse
Não sonhasse como fazem as crianças
Que com barro nas mãos
Fazem mundos de verdade
Com areia da praia sonham sonhos de verdade
Pedi que a lua não me deixasse sozinho
As estrelas me acompanhassem sempre
Queria não estar só
Talvés assim não teria te procurado Karina
Pedi que a madrugada chegasse logo
O dia clareasse e o sonho terminasse
Que esfregasse os olhos e visse a realidade
Mas pedi tarde tarde Karina
Quando o universo já te criou
Meus olhos já te viram
Mas do que se cruzarem
Nossos caminhos coexistiram
O coração já dorme sono profundo
Já sonha com mundos de verdade
Sonhos a realidade
A madrugada demora chegar
O dia continua escuro
Igual o futuro que começa a me cegar
Pedi tarde
E não espero que me oiçam os deuses
Pedi tarde e agora sofrerei pela eternidade toda
Essa dor de te ter e não te ter
De sonhar e não acordar
Acordar e continuar sonhando
Pedi tarde
E estou refém
Dessa sua existência cruelmente gloriosa
Refém dum querer impossível.
Nelson Livingston
O Poema que Me Escreveste
Na capulana que te cobre as carnes nuas
No andar louco das ancas
Que sem dó
Me embriagam os olhos
Li no mussiro
Que disfarça a beleza
Na suavidade do rosto que gosto
Essas ondas do mar invisível
A praia onde quero morar
Escreveste na areia
Palavras que só o coração sabe ler
As gaivotas me cantaram a melodia
E eu li o poema que me escreveste
Escreveste no sorriso escondido
Nos dentes alvos
Que me trituram os desejos
Na língua ténue
Que de vermelho coloriu meus sonhos
Li esse poema invisível
No barco que já vai longe
Vela majestosa
Ardendo no vento do mar
Escreveste do amor que desconheces
Do amor que desejas
E eu li
Não sei
Não saberei nunca
Se li o poema que escreveste
Ou o poema que li
Sei porém que li
O poema que meus olhos leram
O poema que teu amor escreveu
Nelson Lvingston
Hoje Sonhei Contigo
Hoje sonhei contigo
Sonhei que voávamos
Nas asas curtas duma andorinha
No vento leve do pensamento
Sonhei meus olhos apalpando
Cada poro de tua pele
Minha boca sugando
Cada mel da tua boca
Sonhei que a lua nos abraçava
E em silêncio nos contava histórias de amor
O sol há muito desaparecido
Continuava quente em nós
Sonhei que o mar era meu
As ondas nasciam do meu coração
E rugiam suaves
Ao som do respirar desejoso
Sonhei que as estrelas
Morriam de inveja da alegria
Que transbordava do nosso leito
Queria ser nosso ar nosso peito
Eu queria acordar
Para pôr as mãos à obra
E construir meu sonho
Eu queria continuar a sonhar
Queria sonhar eternamente
Queria que sonho fosse realidade
Realidade fosse sonho
Nelson Livingston
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Leve nas Palavras
Passos ligeiros e gloriosos duma bailarina
Que flutua ao sabor do teclado
Numa longa sinfonia Qwert ou Azert
Umas vezes dedilhando
Pensativo e lentamente
Tic... Tac... Toc!
Outras à velocidade do pensamento
Ruidosa e nervosamente
Tlim, pras, tra, trum, bumm!
Letra aqui, letra ali
Deletando pesadelos tortuosos
Compondo palavras soltas
Rabiscando frases intrincadas
Matreiras no sentido
Enigmáticas...
Metaforizando vivências
Cortando neste Eu
Colando naquele Nós
Poemas arrancados da consciência consciente
Da inconsciência que se quer consciente
Da realidade, dos sonhos vividos e sonhados
Dos pesadelos atrozes pra esquecer
Poemas de mim, de ti, nossos poemas
Sem muito esforço
Criatividade q.b.
Leve nas palavras
E …
By Kidjomalu
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Ekhuro Yo Ophenta(the power of love)
Visitei Ekhuro Yo Ophenta.
Mas que mardade!
Isso mesmo MARDADE.
Tomara fosse maldade, menos mal seria
Que egoísmo...
Terem mantido só pa vcs
Esse cantinho que é de poesia demais...
De beleza capaz
De desfazer as faces feias da realidade
Que crueldade deixarem que o poder do amor
Vos consumisse só a vós.
Estou juntando paus e capim.
Estou juntando caniço.
Vou lá fazer minha palhota.
E uma pequena horta para sobreviver.
Regada pelo amor
Sei que terá verduras para toda eternidade.
Vou criar patos e galinhas
Pombos para paz
Vou criar um cachorrinho para me defender
Das noites escuras de tristezas
Vou desposar uma macua ou manhambane
Daquelas belas queimadas pelo sol ilheu
E ou alimentada pelo leite de coco
De corpo farto e amores transbordantes
Para me saciar os sonhos
Vou procriar, multiplicar e encher a terra
Assim como mandou o dono do universo
Vou amar sem reclamar
Amar farto como o mar
Vou pôr a prova Ekhuro Yo Ophenta
Nelson Livingston
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
DESCREVENDO IVONE (II)
NÃO SEI
JÁ DISSE
NÃO SEI
E ESSA IGNORÂNCIA ME ESCUDA
ME LIBERTA DO MEDO DE ERRAR
VOU ESCREVER TEUS SORRISOS
NÃO PRECISAM SER IGUAIS
PODEM SER NOSSOS MESMO QUE DIFERENTES
VOU ESCREVER TUA SIMPLICIDADE
ESSA MARCA QUE MARCA GENTE GRANDE
GENTE DE ALMA QUE TRANSBORDA
ALMA QUE
DESOBEDECE AS FRONTEIRAS E SAI REGANDO VIDAS
SAI INUNDANDO TRISTEZAS
VOU ESCREVER TUA VOZ
QUE SOA MISTURADA COM O MAR
UMA CANÇÃO IGUAL A NAÇÃO QUE TRANSPORTAS
ESSA MELODIA QUE TE TRÁS PRA CÁ FORA
E NOS PÕES NO MESMO ENTENDER
VOU ATÉ ESCREVER TUA BELEZA
ESSA QUE MESMO ESCONDIDA NAS VEIAS
QUE TE IRRIGAM A VIDA
DISFARÇADA NA ALEGRIA QUE TENS DE SOBRA
NA ALMA QUE TE SUSTENTA
AINDA ME CHEGA AOS OLHOS QUE HOJE ESCREVEM
NÃO POSSO ESTAR A MENTIR QUANDO ESCREVO
TOMO O MAR POR TESTEMUNHA
A AREIA QUE TE AFUNDA A ELEGÂNCIA DO ANDAR
ESSE CAMINHAR NO VENTO MALCRIADO
QUE TE DESGRENHA OS CABELOS
E DESNUDA A BELEZA DO ROSTO
TOMO O ÁLCOOL POR TESTEMUNHA
ESSE
ME SOBE MIOLO AO ALTO
FINALMENTE
ME TOMO A MIM MESMO POR TESTEMUNHA
QUE NÃO POSSO ESTAR A MENTIR QUANDO ESCREVO
ESCREVO E DESCREVO
A IVONE QUE CONHECI
NELSON LIVINGSTON
O Nosso Amor
Olha amor As rosas estão vermelhas
Tão vermelhas como o sol se pondo
E meu coração também
É o amor jovem me sangrando
Memória dos dias idos
Lembras-te quando corríamos amor
Nos jardins dos nossos sonhos
E nos deitávamos como adultos
Mesmo sob intensos insultos
Destilados pela consciência
As rosas encheram a cidade amor
Vieram de cantos distantes
De almas pensantes
Vieram do futuro que mesmo escuro
Existe e nos faz despertar
Com a madrugada grudada na gente
Me perguntaram amor
Esses amantes de amanhã
Me perguntaram se nos amamos
Já que não trago sinal algum de amor
Rosa alguma no palavreado
Me diz se te amo amor
E basta saberes se me amas
Para dizermos às rosas
Que nosso amor existe
Além das pétalas vermelhas
Nelson Livingston
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
DESCREVENDO IVONE (I)
SE ME ATREVO E ESCREVO
O MEDO QUE EM SEGREDO TRANSPORTO
É NESSE MOMENTO QUE ME CONHEÇO
E TAMBÉM ME DESCONHEÇO
QUE ME MERGULHO NO DESESPERO DA ESCASSÊS
NESSA MOMENTO QUE FICA NÍTIDA
A POBREZA DAS PALAVRAS
SE FALO DIGO QUEM É IVONE
SE CALO DIGO QUEM É IVONE
SE ME ATREVO E ESCREVO
FAÇO LINHAS DOS OLHOS QUE OLHARAM IVONE
DOS OUVIDOS QUE OUVIRAM IVONE
LINHAS ATÉ DO PENSAMENTO
ESSE MEU ATREVIMENTO
OUSADIA DE DESCREVER UMA GRANDEZA
ESTOU CONDENADO A DESCREVER IVONE
NO SILÊNCIO QUE ME ATORMENTA
E OU NAS PALAVRAS QUE ESCASSEIAM
NELSON LIVINGSTON
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Na hora de estar só
Hoje apeteceu-me escrever-te oh mãe
Derramar-me nas margens do teu lar
Saborear o chilrear da natureza solitária
E escrever-te
Apeteceu-me dizer-te
Que o mundo cresceu
Está grande, está solto
Como sapato grande no meu pé pequeno
Não me cabe nem mesmo quando estou sereno
Nelson Livingston
Arrependimentos
Se eu soubesse escrever
arrancava as estrelas uma à uma
Deixava o céu nu
E lá, pra que todos vissem, escrevia minha alma
...e as estrelas?
Juntava elas num saco e levava ao bazar
Para enfeitar o coração das mulheres
E enfeitiçar o dos homens
Mas alegrem-se os homens que não sei escrever
Alegrem-se as mulheres que não sabem ler
Nelson Livingston
DANCE WITH MY FATHER
DANCE WITH MY FATHER AGAIN
Back when I was a child
Before life removed all the innocence
My father would lift me high
And dance with my mother and me and then
Spin me around -till I fell asleep
Then up the stairs he would carry me
And I knew for sure I was loved
If I could get another chance, another walk, another dance with him
I-d play a song that would never, ever end
How I-d love, love, love
To dance with my father again
When I and my mother would disagree
To get my way, I would run from her to him
He-d make me laugh just to comfort me
Then finally make me do just what my mama said
Later that night when I was asleep
He left a dollar under my sheet
Never dreamed that he would be gone from me
If I could steal one final glance, one final step, one final dance with him
I-d play a song that would never, ever end
-Cause I-d love, love, love
To dance with my father again
Sometimes I-d listen outside her door
And I-d hear how my mother cried for him
I pray for her even more than me
I pray for her even more than me
I know I-m praying for much too much
But could you send back the only man she loved
I know you don-t do it usually
But dear Lord she-s dying
To dance with my father again
Every night I fall asleep and this is all I ever dream
O GRITO DO MEU POVO...
Irmãos do meu sangue índico
Grita do fundo dos bolsos esfarrapados
Da almas dos "purses" esburacados
Grita meu povo
Grita das veias entupidas
Pelo trigo que há muito farta
Dos pulmões corroídos pelo fumo
Dos chapas que não cabem nos bolsos esfarrapados
E ou no nos "purses" esburacados
Grita, grita meu povo
Grita aos ouvidos a muito surdos
Grita com voz rouca
Ânsia louca
Grita do norte e do sul
Nos raios que sobra
Desse sol que há muito deixou de brilhar
Grita meu povo
Grita do Zambeze que nos engole
Das memórias de um futuro melhor
Grita nos sonhos de amanhã
Na esperança de ser ouvido
Grita
Grita meu povo
Grita de cima e de baixo
Com paus e pedras
Grita no silêncio do desespero
Na paciência secularmente economizada
Grita meu povo
Grita sem medo de ser idiota
Sem medo da morte que é certa
Com ou sem grito
Grita meu povo
Grita hoje e amanhã
Aqui e ali
Grita ontem
Que se foi sem grito
Grita sem cérebro sem contas, sem dígitos
Grita apenas com voz
Com vontade de viver
Nelson Livingston
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Amigo Virtual
não te sinto,
não sei como és!
Não conheço teu cheiro,
teus olhos, teu andar,
tua boca, teu jeito de falar!..
Teus cabelos, tua tez,
teu sorriso,tua seriedade,
tua sinceridade ou tua falsidade...
Surgiste do nada,
e foste te incorporando
no meu viver!
Alegrias me trouxeste,
em cada amanhecer!..
Ligava o PC e te encontrava,
sempre, antes de mim...
Saia mesmo da cama,
para conseguir te descobrir...
Mensagens de carinho,
de vida, de amor,
de futurescer!
De dias menos gelados,
de uma coberta amiga,
de uma palavra que fosse,
para me fazer viver!
E, hoje, estou aqui,
como em tantos dias,
te esperando,
te imaginando,
pois retratos não são fiéis.
Quero te sentir, te tocar,
muitos beijos te dar,
e, principalmente,
aquele abraço
que sinto através do micro
a cada dia que o desligo,
quando me dizes tchau,
até amanhã,
meu querido, inesquecível,
Amigo Virtual!
AMIGAMEIGA