sábado, 23 de fevereiro de 2008

À KARINA (II)

O sol nasceu cedo Karina
E tenho medo que o segredo
Que a noite soube esconder
O Dia não se importe em revelar

O vento já sopra forte
E como a morte que a ninguém ouve
Já desgrenha meu cérebro ocupado
Levando pra longe
As folhas verdes dos meus sonhos

As ruas da minha alma já estão movimentadas
Já tocam sinos nos templos
Acordando os monges
Aos rituais dos amantes

O sol já aquece a vida
Já amolece a cera
E já endurece o barro
Paradoxo não achas Karina?
Que a vida seja também morte
Alegria também tristeza

O tempo vai passar depressa eu sei
Vai ser longo demorado eu sei
Isso também é um paradoxo
Mas a noite vai voltar
A alma vai se soltar
Eu me esconderei outra vez
No escuro dos sonhos
Até que o sol
Cedo volte a nascer

E é um pêndulo eterno
Um vai e vem saboroso
De noite te tenho
De dia me tens
De longe te vejo
E de perto te desejo

Nelson Livingston

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