quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A VOZ DO TEU OLHAR


Hoje me cantaram
Os teus olhos puros de pureza
Lindo de beleza

Ouvi uma cantiga virgem
Nunca antes cantada ou ouvida
E eu queria ser surdo
Para não disperdiçar
Essa preciosidade
Queria ser surdo

Nelson Livingston(Renatus)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ama-me!


Ama-me devagar
Na lentidão da vida
Que é quase eterna

Ama-me de forma materna
No conforto da gestação
E sabor que aos sorvos
Me entra do suco do peito

Ama-me de qualquer jeito
Mas não inquisitiva
Me dilacerando a alma selada
E descobrindo-me os segredos

Ama-me sem medos
Sem planos nem destinos
Deixe o amor te levar
A porto qualquer que nem conheças

Ama-me mas não esqueças
Que a eternidade comprimida
Nos momentos eternos de amor
Não nos pertence
Nem sempre estará
Sobre nosso controlo

Ama-me só como o solo
Ama a semente sedenta
Como o mar guarda
A força das tempestades

Ama-me com todas idades
Todos tempos que já se foram
E que não virão nunca

Não me ama no passado que não amaste
No futuro que não amarás
Ama-me só no presente
Que só esse é nosso

Nelson Livingston(Renatus)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Carta incompleta


Hoje me assaltou
Um desejo irreprensível de te escrever
De viver em palavras,
A eternidade comprimida
Nos dias que passo ao teu lado.
As vezes temo que me entendas
E que o mistério dos meus sentimentos
Seja finalmente desvendado
Mesmo que só sem me ler
Me possas verdadeiramente ler
E talves entender.
Cada palavra escrita ou dita,
Tem alma própria
Esculpida na eternidade de tempos vividos.
Encarnaram essas mesmas palavras,
Vidas crueis que as aprisionaram
Por isso, por favor
Não me leia nem endenda nelas.
Descobri hoje
Que em ti
Mais não encontrei
Senão uma alma que não procurei.
Procurar, procuramos só oque conhecemos
Mas a ti nem depois de encontrar te conheço.
Se calhar
Nem sequer carrego algum desejo
De te conhecer.
Não quero esvaziar
O jazigo de admiração
Quando minha ignorância se cruza
Com mais uma faceta inédita tua
Te quero sempre assim
Não perfeita
Mas apenas humana
Uma mescla de defeitos e virtudes
Humana e perfeitamente delimitados
Despertar de um sono infantil
E descobrir que ele se realiza
Na fidelidade de sua companhia
Escrever isso
Ou viver em palavras
Não é tarefa fácil
Por isso...

Nelson Livingston(Renatus)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ONDE MORA A DOR


A dor não está na carne ferida
Nos ossos quebrados
Na pele desfeita
Nem no sangue que derramado

A dor não está nos ouvidos
Que absorvem os ruídos
Nos olhos que consomem o mundo em volta
Nos pés que se queimam
Nem nas mãos trémulhas de medo

As lágrimas vertidas
Dizem que a dor andam por ai
Os prantos em tons altos e baixos
Dizem que temos companhia
Mas não é lá que está a dor

A dor está na mente
Que intensa a sente
De forma nua e crua
Que a abraça como a noite à lua
E não e deixa sair,
Mesmo quando ela já se tenha ido embora

A dor está lá onde ela não existe
Onde é criada e recriada
Dissecada e interpretada
A dor está na mente que a controla

Nelson Livingston(Renatus)

NÃO ME FALE ASSIM


Não me fale assim
Com palavras misturadas com pedaços
De tua alma esquartejada
E minha dilacerada

Mergulhar nas profundezas mundanas
De minha existência dolorosa
E fazer de minhas tristezas quotidianas
O batóm de seus lábios falantes

É que rios já secos
Nostalgia de tempos já idos
Voltam a me patrulhar a mente
E os olhos cantam de novo

É doloroso sabes?
Muito doloroso escutar-te
As cantigas já conhecidas
Melodias a muito tempo esquecidas

Faz parte parte de minha história
Isso eu bem sei
Mas não me fale desse jeito
Não como o meu peito
Ainda remoendo
A dor dum passado não muito distante

Nelson Livingston(Renatus)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O MEU SEGREDO

Queria contar-te um segredo
Mas tenho medo
Segredos,
Só se contam à amigos íntimos
E não sei
Não tenho certeza
Se já te posso chamar amiga

Mas o segredo cresce
A cada dia que passa
Duma plantinha inocente
Virou árvore frondosa
E tenho medo

O meu segredo cresce
Nos galhos do teu ser
E cada olhar teu
É mais um segredo
Crescendo no meu segredo

O corpo que inocente transportas
Teu andar, passos indiferentes
Aumentam meu medo
Medo de te contar meu segredo

Teu sorriso lindo
Escondido na beleza
Do teu rosto
Coisa que muito gosto
Me tira a esperança
De um dia ter coragem
De contar-te o meu segredo

Nelson Livingston(Renatus)