sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O GRITO DO MEU POVO...

Grita meu povo
Irmãos do meu sangue índico
Grita do fundo dos bolsos esfarrapados
Da almas dos "purses" esburacados
Grita meu povo

Grita das veias entupidas
Pelo trigo que há muito farta
Dos pulmões corroídos pelo fumo
Dos chapas que não cabem nos bolsos esfarrapados
E ou no nos "purses" esburacados
Grita, grita meu povo

Grita aos ouvidos a muito surdos
Grita com voz rouca
Ânsia louca
Grita do norte e do sul
Nos raios que sobra
Desse sol que há muito deixou de brilhar
Grita meu povo

Grita do Zambeze que nos engole
Das memórias de um futuro melhor
Grita nos sonhos de amanhã
Na esperança de ser ouvido
Grita
Grita meu povo

Grita de cima e de baixo
Com paus e pedras
Grita no silêncio do desespero
Na paciência secularmente economizada
Grita meu povo

Grita sem medo de ser idiota
Sem medo da morte que é certa
Com ou sem grito
Grita meu povo

Grita hoje e amanhã
Aqui e ali
Grita ontem
Que se foi sem grito
Grita sem cérebro sem contas, sem dígitos
Grita apenas com voz
Com vontade de viver

Nelson Livingston

Sem comentários: