sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Eu também amo...


Como qualquer ser miserável
Eu também amo
Canto com a alegria das manhãs de sol
Chuva quente sobre a terra gretada
Eu também amo.

Trago também dentro de mim um coração
Um vasilhame cheio de almas
Paixões estrondosamente acumuladas
Trago as idades, cidades e verdades

Eu choro como qualquer ser miserável
Como mendigo sem abrigo
Rogo que me acolham em alguma alma
Também amo.

Sonho nas noites
Que me acompanha um cometa
Que viajo num mar ondulado de carnes
Sonho que sou homem e sou pecador

Na lucidez do dia empunho a pena
E escrevo versos de amor
Ou simplesmente imito os já escritos
Gaguejo as mais belas cantigas de amor
Eu também amo

Visito jardins
Colho rosas
Vermelhas, brancas, azuis
Abraço a solidão
Me esqueço no chão
Eu também amo.

Beijo rosto
Beijo boca
Beijo sabores
Faço arte de carícias
Exploro terrenos
Eu também amo

E as vezes o amor me sorri
Me abraça e me acolhe
Me escolhe seu único
Ai eu amo
Como qualquer ser miserável
Eu também amo.

Nelson Livingston

4 comentários:

Ivone Soares disse...

Lindo poema Nelson!

Nelson disse...

Obrigada Iva
Defendendo-me da consciência que nem me acusou ainda que "tenho o coração para tudo(política incluso) mas não tenho para o amor" se um dia ela pensar em falar isso, já disse que também amo.

Ximbitane disse...

"Eu também amo"
Amar é bom, é doce, é nobre, é vida, é dividir, é multiplicar, é subtrair... é amar.
Eu amo também!

Nelson disse...

Oh amante!
Louca e perdida amante
Mas amor não é também dor?
Lágrimas na capulana?

Não é morte?
Sepultura aberta
Cova sem morto?

Não é sonho de madrugada?
Hora de despertar?

Não é também dividir, multiplicar, subtrair...
Não é amar?

Mas mesmo sendo assim
Eu também ainda amo