terça-feira, 8 de julho de 2008

Perguntas


Me tranquei nesse vazio altivo
Vazio feito de suor próprio
Soltei as rédeas da alma
E me perguntei

O destino anda as pressas
E preciso entende-lo

Como vento
Guardado na vela de minha nau
Queria junta-lo aos pedaços
E fazer minha historia
Mas ele se espalha rápido demais

Distante vai o tempo
Esse que em vão
Procuro descobrir no presente
Enquanto subtil
Subtil e imperceptível
Me arrasta ao futuro

Nas nuvens de chuva adiada
Procuro respostas

Nas chuvas alheias
Encontro consolo
Que de ar não enche os pulmões
Desses sonhos que inventei
Por isso ainda me perguntei

Destemido
me perguntei
La se foi o medo, o cruel medo
De não achar respostas
E me perguntei
Com a pureza ingénua das crianças sonhadoras

Perguntei pelo sol e pela lua
Essa presença nua
Que teimosa me acompanha
Pelas estrelas que me distraíram
Perguntei pelo vento que me arrasta

A fortaleza que sempre me protegeu
De tantas perguntas que fiz, ruiu
A sabedoria da lareira de noites de inverno fugiu
Com medo de minhas perguntas se escondeu no tempo
Mas eu tenho um encontro marcado com o tempo
E não posso fugi-lo

Perguntei pelo mar

Pela sua arte de salgar o mal
Conserva-lo puro na alma humana
Que de pureza não tem nada
Perguntei sim pelo mar

Perguntei por tudo e por nada
Por mim e por todos
Perguntei finalmente por ninguém
Essa alma que sei que existe
Mas sabedoria me falta para alcança-la

Nelson Livingston

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