quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Carta incompleta


Hoje me assaltou
Um desejo irreprensível de te escrever
De viver em palavras,
A eternidade comprimida
Nos dias que passo ao teu lado.
As vezes temo que me entendas
E que o mistério dos meus sentimentos
Seja finalmente desvendado
Mesmo que só sem me ler
Me possas verdadeiramente ler
E talves entender.
Cada palavra escrita ou dita,
Tem alma própria
Esculpida na eternidade de tempos vividos.
Encarnaram essas mesmas palavras,
Vidas crueis que as aprisionaram
Por isso, por favor
Não me leia nem endenda nelas.
Descobri hoje
Que em ti
Mais não encontrei
Senão uma alma que não procurei.
Procurar, procuramos só oque conhecemos
Mas a ti nem depois de encontrar te conheço.
Se calhar
Nem sequer carrego algum desejo
De te conhecer.
Não quero esvaziar
O jazigo de admiração
Quando minha ignorância se cruza
Com mais uma faceta inédita tua
Te quero sempre assim
Não perfeita
Mas apenas humana
Uma mescla de defeitos e virtudes
Humana e perfeitamente delimitados
Despertar de um sono infantil
E descobrir que ele se realiza
Na fidelidade de sua companhia
Escrever isso
Ou viver em palavras
Não é tarefa fácil
Por isso...

Nelson Livingston(Renatus)

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