quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

ESCUTANDO…

Escutando o vento

Que te canta, que te fala

O vento que te grita

Equer contar os segredos da vida


Escutando o mar

Que tem lições de amar

As ondas que querem te cobrir

De água e sal


Escutando a lua

Que tem experiência de solitária

As estrelas que sabem estar só

E tem muito pra te ensinar


Escutando o coração que trazes no peito

E te manda viver

O cérebro que te envolve a cabeça

E te manda pensar


Escutando o tempo

O ontem,hoje e amanhã

A vida que foi ,que é ,e que será


Escutando...

Escutando tudo e todos

Escutando nada e ninguém

Escutando a vida e a morte.

O princípio e o fim.


Escutando vozes e silêncios

Oque dizem e não dizem

A sabedoria próxima

E distante no tempo


Escutando...

Escutando...

...

Nelson livingston


No Aniversário de Cacilda

Cacilda faz anos hoje

O medo me foge

E junto forças para desejar-lhe

Feliz aniversário


Distante como ela está

Não posso abraçá-la

Nem olhar nos olhos

Não embrulhar um sorriso

E dar-lhe de presente


Não lhe posso convidar

A escutarmos o coral das andorinhas

A assistir o espetáctulo do sol se pondo no Estoril

Nem posso lhe dar as mãos

Enquanto caminhamos pela areia


Mas posso colher algumas estrelas

Flores vermelhas e amarelas

Posso gritar-lhe daqui das teclas

E desejar-lhe

Feliz aniversário


Dizem que não conheço Cacilda

Mas não acreditem não

Que cacilda vive no meu bairro

Esse bairro pequeno que chamam mundo


Cacilda corre nas mesma rua que eu

Algures nesse bairro

Cacilda me vê, me ouve, me conhece

Como posso não conhecer Cacilda?


Nelson Livingston

sábado, 26 de janeiro de 2008

FELIZ ANIVERSÁRIO PRETA

No dia dos teus anos

Pintei o cérebro de sabedoria

Me disfarsei poeta

Escrevi um poema para ti


Juntei algumas palavras

Que o tempo me ensinou

E o esquecimento ainda não roubou

E escrevi um poema para ti


Queria que fosse meu poema

Escrito pelo meu punho

Palavras pensadas

Queria que no final o assinasse

Mas este poema é teu


Gerado da tua grandiosidade

Escondida na simplissidade da amizade

Este poema é teu


É essa vida dada

Esse altruismo que não podes esconder

Que faz as linhas desse poema


É essa força com que olhas o além

Carinho com que olhas o próximo

Que dá corpo a esse poema


Teu pensamento expresso no que dizes

Sentimento no que escreves

Esse jeito de transpôr tempos e distâncias


Sendo assim Preta

Não tenho como chama-lo meu

Não tenho como deixar minha assinatura no final

Deixo sim é um desejo

FELIZ ANIVERSÁRIO


Nelson Livingston

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Lágrimas


Se as lágrimas fossem minhas
Como é meu
O desejo de derramá-las,
Ao sabor da dor que me abraçou
Destilava todas elas
Até secar o mar que as produz

Se curassem a tristeza
Que por mim s´enamorou
Esse sentimento que me tempera a alma
Buscava até alheias
Para engrossar meu saco

Se lavassem as nódoas
Que o tempo deixa
Essa marcas grudadas na memória
Eu deixava que elas passassem por mim
Escorressem o rosto, o gosto, o peito
A planta dos pés
Lavassem o tempo e o esquecimento
Deixava que me purificassem a idade

Se trouxessem de volta
Os mortos pelas quais as derramo
Resolvessem injustiças que reclamo
Seria bem mais valiosas
Preciosas como ouro e prata.

Nelson Livingston
pela morte de Joana

JOANA MORREU(R.I.P)...


O sol já acordado
Molhado pela chuva e pelo Zambeze extasiado
Espreguiçado no leito
E já alto no salto do dia
estremece meu peito
E me chega a notícia que Joana morreu

Joana morreu
Com poucos anos de vida
Mas muita vida nos anos de vida
Partiu num silencioso grito
Que me deixa na dúvida se algum dia entenderei
A neutralidade desse fenómeno.

Joana morreu
Arrastando para sepultura
A beleza que a natureza lhe confiou
E a vaidade lhe acrescentou

Um corpo tatuado de aventuras
Carnes despejadas ao rigor dos olhos
Memórias de tempos adiados
Uma juventude esforçada em maternidade
Joana morreu no tempo certo

Joana morreu deixando para trás
Almas famintas de amizade
Um exército de admiradores
Que cedo não a esquecerão
Uma pergunta que se eterniza com a morte
"Porque Joana morreu?"

Joana morreu e gerou essas e outras linhas
Lágrimas feitas frases
Dor disfarçada em coragem
Tristeza misturada na poesia.
Adeus Joana
Até a vista

Nelson Livingston

Eu também amo...


Como qualquer ser miserável
Eu também amo
Canto com a alegria das manhãs de sol
Chuva quente sobre a terra gretada
Eu também amo.

Trago também dentro de mim um coração
Um vasilhame cheio de almas
Paixões estrondosamente acumuladas
Trago as idades, cidades e verdades

Eu choro como qualquer ser miserável
Como mendigo sem abrigo
Rogo que me acolham em alguma alma
Também amo.

Sonho nas noites
Que me acompanha um cometa
Que viajo num mar ondulado de carnes
Sonho que sou homem e sou pecador

Na lucidez do dia empunho a pena
E escrevo versos de amor
Ou simplesmente imito os já escritos
Gaguejo as mais belas cantigas de amor
Eu também amo

Visito jardins
Colho rosas
Vermelhas, brancas, azuis
Abraço a solidão
Me esqueço no chão
Eu também amo.

Beijo rosto
Beijo boca
Beijo sabores
Faço arte de carícias
Exploro terrenos
Eu também amo

E as vezes o amor me sorri
Me abraça e me acolhe
Me escolhe seu único
Ai eu amo
Como qualquer ser miserável
Eu também amo.

Nelson Livingston

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A minha dor


Chegou ao fim

Essa mania de escrever dor alheia

Hoje venho derramar na areia

Oque vai em mim


Dor própria me coroendo a alma

Grudada em mim

Como as palavras na palma


Seu fosse forte

Chamava a morte

Convidava levar-me com ela

A me desprender da carne que doi


A minha dor esta dentro e fora

Ontem e agora

Sei que estará por uma temporada


É no berços dessas coisas de amar

Que ela foi se deitar

É de lá que ela nesceu

E cresceu rápido


Não lhe vi os mêses passarem

Até que em prematuro surgiu

E ao mundo se fez realidade.


Não foi à incubadora

Mas directa se me instalou no coração

Aqui onde agora mora


Essas gotas descendo das mãos

Das letras, da pena

Nados mortos, tentativa abortada

De me ver livre dela.



Nelson Livingston

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Feliz Aniversário Regina


Queria ser poeta
Desses bons que fornicam nas palavras
Queria saber escrever
Como fazem as crianças que brincam na areia
Queria te desejar um feliz aniversário

No dia do seu aniversário
Escreveria um poema sem adversário
Palavras de beleza simples
Versos inocentes
Já disse
Como fazem as crianças que brincam na areia

Olharia para os teus olhos
Esses que sabes que gosto
Tocaria de leve o teu rosto
Num carinhoso beijo de alegria

Colheria as estrelas todas
Num saco as traria pra ti
E com voz simples diria
Feliz aniversário Regina

Nelson Livingston

domingo, 20 de janeiro de 2008

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o Sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.
                                    Alberto Caeiro

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Eu sonho

Mulher Africana


Meu amor, meu docinho,minha vida,

meu coração enfim fiquei sem palavras

Estou perdido neste mar de emoções.

Tu deixas-me esquecido...

Esqueces até o desejo de te ver.

Desejo de te sentir.

Desejo de ti.

Pedes-me Paz.

Eu peço-te esperança e atenção.

Dá-me a tua presença eu dar-te-ei a Paz.

Arrisca.


Deixa-me entrar no teu coração.

Abre-o, solta-o, deixa-o falar. Ouve-o.

Não te escondas dele.

Aperta-o contra ti e não o deixes fugir.

Se eu te der já a Paz que me pedes, jamais terei a tua atenção.

Tenta perceber isso.

E eu quero a tua presença e atenção esta semana.

Quero-o porque SEI que é o melhor para todos.

Eu não posso, nem quero lutar contra aquilo que sinto.

Não posso abandonar os meus sentimentos como quem apaga um cigarro.

Não posso cuspir no meu coração.

Quero apenas ver-te, estar um pouco contigo.

Será a vida assim tão complicada que já nem nos permite sonhar?

As leis do Universo são pequenas demais para o que representas para mim.

Deixas-me esquecido.

Deixas-me sonhar.

Deixas-me acreditar e depois,
Já sei que vais dizer que tentaste
E fizeste tudo por tudo para estar comigo.

Mas não vens...

Nao sei o que já passaste e sofreste

Mas só alimentando o coração ele pode viver outra vez.

Não suma mais...

Pois o teu sumiço é uma tristeza para mim,...é um sufoco...o teu simples bip é uma alegria infinda para mim...

O Otrosser é louco porque tu o deixas louco!

Próximo mês dia 25, sabes o que é?

Eu sei que vais dizer que te esqueceste,

Mas eu terei o prazer em ti lembrar,

É mais uma data do aniversário do nosso amor

7 anos (bodas de algodão), o que vamos fazer?

Não temos economias mas podemos tentar fazer algo meu bem....


Later to you and her


(Texto adaptado)

CF

SE EU MORRER ANTES DE VOCÊ



Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demónio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demónio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direcção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele !

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008




Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

Pablo Neruda

Milagre

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Carta de um Contratado


    Eu queria escrever-te uma carta
    amor
    uma carta que dissesse
    deste anseio
    de te ver
    deste receio de te perder
    deste mais que bem querer que sinto
    deste mal indefinido que me persegue
    desta saudade a que vivo todo entregue...

    Eu queria escrever-te uma cara
    amor
    uma carta de confidências íntimas
    uma carta de lembranças de ti
    de ti
    dos teus lábios vermelhos como tacula
    dos teus cabelos negros como dilôa
    dos teus olhos doces como macongue
    dos teus seios duros como maboque
    do teu andar de onça
    e dos teus carinhos
    que maiores não encontrei por aí...

    Eu queria escrever-te uma carta
    amor
    que recordasse nossos dias na capôpa
    nossas noites perdidas no capim
    que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
    o luar que se coava das palmeiras sem fim
    que recordasse a loucura
    da nossa paixão
    e a amargura nossa separação...

    Eu queria escrever-te uma carta
    amor
    que a não lesses sem suspirar
    que a escondesses de papai Bombo
    que a sonegasses a mamãe Kieza
    que a relesses sem a frieza
    do esquecimento
    uma carta que em todo Kilombo
    outra a ela não tivesse merecimento...

    Eu queria escrever-te uma carta
    amor
    uma carta que te levasse o vento que passa
    uma carta que os cajus e cafeeiros
    que as hienas e palancas
    que os jacarés e bagres
    pudessem entender
    para que se o vento a perdesse no caminho
    os bichos e plantas
    compadecidos de nosso pungente sofrer
    de canto em canto
    de lamento em lamento
    de farfalhar em farfalhar
    te levasse puras e quentes
    as palavras ardentes
    as palavras magoadas da minha carta
    que eu queria escrever-te amor...

    Eu queria escrever-te uma carta...
    Mas ah meu amor, eu não sei compreender
    por que é, por que é, por que é, meu bem
    que tu não sabes ler
    e eu - Oh! Desespero - não sei escrever também!

António Jacinto

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Em Busca de Liberdade



O medo de te ver me assusta
Todo medo assusta não e verdade?
Mas esse me assusta
Me deixa até assustado, pense nisso!

Passas no meu pensamento
E tapo a cara
Fecho os olhos para não te ver
Mas ai você vai para o coração

Despertas no coração
E eu paro de respirar
Paro de viver para não te ver
Mas mesmo morto tu estás lá
Deitado na minha urna
Grudado na minha morte
Ou na alma que vagueia
Como me livro de ti?


Nelson Livingston

Vestido de Preto


Hoje acordei vestido de preto
É que a alma s´enamorou
Pelo escuro da noite
E em nascendo o dia
Lhe negaram o divórcio

Há dias assim
Que os joelhos tremem à luz do sol
O sorriso desobedece
O dia nasce prematuro
E nem aceita
Ir para incubadora

Hoje é meu dia...

Nelson Livingston

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008


Não ame!

Não reclame

Não diga, não siga

Deixe-se ficar

Deixe a vida escorrrer

Entre dedos e segredos

Deixe o monstro homem se mostrar

Não ame!


Nelson Livingston

Convite


Vem me amar

Vem teu amor me chamar

Percorrer meu mundo

Descobrir curvas e penumbras


Vem fazer um ninho de carinhos

Nos galhos do meu ser

Cantinhos pra se abrigar

Dos males da solidão


Vem cantar ao som do mar

Assobio do vento que acaricia a floresta

Altar dos meus sonhos impossíveis

Vem fazer-me uma serenata


Nelson Livingston

Equívocos...

Amor...

Vê se me acha

Perdi-me nas nuvens do sabor

E as ondas do teu mar me afogaram


Esqueci a voz

No leito de tuas carícias

Os olhos ficaram pendurados

Na escultura dos teus artesãos

Vê se me acha


Quero voltar a ser meu

A voar como pássaro nas asas próprias

Sentir o ar entrar e sair

A vidar crescer e morrer


Se não me achares

Nunca me terás

Viverei embriagado

Nos amores dos teus alambiques

Viverei escondido na tua existência invisível

Nunca serei teu


Nelson Livingston

Meu Desejo de Amar


Se eu amasse não diria

Deixaria que o coração que ama

Tomasse conta da falação

Fizesse das suas e se mostrasse amando


Nem canto nem poesia faria

Nem profecia

Me calaria no silêncio como faz a morte

Que chega sem barulhos

Sem mergulhos

Chega lenta, sonolenta e preguiçosa

E nem com isso deixa de ser perigosa


Se eu amasse fugiria dos homens

Esses que inventam berços e versos

Onde parem suas ignorâncias

Onde exaltam a sua finitude


Eu amaria como os deuses

Esses de quem temos história

Amaria sem espaço e sem tempo

Amaria no invisível das palavras

Na realidade da existência


Nelson Livingston

O meu dever de homem


Quando amanhecer

Me acordem por favor

Desse sono que me ajuda a suportar a dor

Me gritem aos ouvidos

Como fazem os tambores do nhambalo

Esses que suaves me lembram a idade

Que se foi para eternidade


Antes que o sol me sufoque

Me provoque orgasmos esquecidos

Me acordem por favor

Do conforto dessa minha sepultura


Não quero estar das longe

Das batalhas que se anunciam

Quero que minha alma também seja tatuada

Com lanças e escudos

Quero fazer parte da dança


É que espólios nos esperam

E embora nem me interessem

Quero ser contado entre os homens

Que afugentaram a paz

E trouxeram o sossego


Nelson livingston

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A noite

A noite chegou
Escura como carvão
Negra como meu coração
Dura e estonteante como o álcool
Chegou e meus olhos cegou

As forças no vigor de sempre
Se rebelam
Me negam companhia
Me negam as ordens
Dizem que vão longe no tempo
A noite chegou

Os mochos miam
Me cantam suas sabedoria
E ridicularizam a minha
Os chacais me abraçam com sorrisos disfarçados
Bichos desgraçados
Que já foram sangue do meu sangue

A noite chegou
Para longe vai a luz do dia
Longe, tão longe que não existe mais
E nunca existiu
Porque até a caixa guardadora
Lhes nega existência

A noite chegou
Mas não quero dormir
Quero assobiar um pouco mais
Para os ouvido que se fazem surdos à minha volta
Quero existir mesmo no escuro
Tacteando entro murros e paredes
Quero existir


Nelson Livingston

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Desejo Intenso

Queria ter um sepulcro
Onde vomitasse a vida que se acumula
Um lugar aberto
Como alma de homem pequeno
Que se costura pelas metades
Pelas idades
Que aos poucos lhe escapam

Queria ter um mar
Vazio de águas e sal
Um lugar perto
Onde nem fosse preciso ir

Nesse mar
Queria encher de lágrimas
Choradas e abortadas
Queria encher de dores e cores
Chamá-lo depois
Lugar de sonhos

Queria, queria, queria...
Queria e a vida passa enquanto quero
O tempo deixa pegadas no rosto, na vida
E a morte manda bilhetinhos
Recados dizendo que um dia vai chegar

Queria que o tempo parasse
E ou voltasse
Queria ser menino
Ou carinho
Esconder-me no conforto uterino
E esquecer o caminho de volta

Queria...
Queria saber perguntar
Queria saber aprender
Queria
Queria
...

Nelson livingston