sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O Olhar de Mário


Mário olha longe
Percorre a distância longa
Que lhe separa dos seus algozes
Mário olha mas não vê

Seus olhos de menino assustado
Se afogam num mar enfurecido
E Mário não sabe
Se são homens ou não são homens
Os homens que lhe rodeiam

Os olhos de Mário pedem
Rogam e suplicam
Pede algo que Mário nem sabe certo
Porque sabe que não terá

Mário pede que sejam homens
Os homens que lhe rodeiam
Tenham alma e ainda lhes sobre
Algum coração no coração

Mário se cala
Para ouvir seu coração e ter certeza
Que ainda vive sua alma
Mário espera, pede e pede
Pede algo que Mário nem sabe certo
Porque sabe que não terá

Mário pede piedade
Grita calado e pede piedade
Grita e fica rouco
É o seu silêncio que grita
Sua alma que se estica mas nada alcança

No silêncio do seu olhar
Mário olha para fundo do seu ser
Mário roga aos deuses que desconhece
Cria divindades que lhe livrem
Mário olha mas não vê

Mário percorre o tempo com seu olhar
Admira o passado acumulado
O presente conturbado
E o futuro prestes a terminar
Mário cobiça ás crianças que lhe olham
O futuro que lhes resta

Num olhar microscópico
Mário se lembra de tudo que fez
Se arrepende do que não fez
E espera que o destino chegue
E leve para longe sua existência

Mário olha para todos
Olha para mim e pede piedade
Esse sentimento que escasseia
Mário olha e pede.

Nelson Livingston

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Colar da Morte


Olha o Mário adornado
Sangue tenro nas veias
Descalço de sapatos e de meias
Olha o Mário feito homem, feito homem grande

Olha o Mário encurralado
Olhar assustado

Olha Mário adornado
No pescoço um enorme colar
O colar da morte

Nelson livingston

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Saudação


Mutsago, um amigo virtual me saudou de Lisboa essa manhã:

Nelson
Concentra-te neste dia que desponta!
Pois ele é a vida,
A própria vida em seu breve curso.
Jazem nele todas as verdades e realidades
de tua existência :
A felicidade de crescer,
A glória de agir,
O esplendor da beleza;
Pois o dia de ontem é apenas um sonho
E o amanhã uma visão,
Mas o dia de hoje , bem vivido ,
Torna cada dia passado um sonho de felicidade e cada amanhã uma visão de esperança.
Concentra-te , portanto , neste dia !
Neste dia maravilhoso que desponta.

Sucessos

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Perdido no Lugar Certo

À Ekhuro e Kidjomalu

É como o horizonte

Só pode ser...
Imaginário e real
Que Equívoco meu Deus!
Cada vez distante e muito próximo

Distante para que se corra atrás dele
Que nos encha de vontade de fúria
Essa loucura que não nos deixa viver enquanto não o achamos

Próximo para que não seja um sonho
Para que tenha carne e possamos apalpar

É sim um equívoco
Lugar certo para se perder
É sim Ekhuro Yo Ophenta
E lá, perder-se é o melhor que se faz

Nelson Livingston

Os Povos do Meu Povo

No povo onde povoamos
Eu e o povo
Há muito povo
Povo que nada diz
Que tudo diz
Povo que nunca quis
Ser povo
Ser feito povo
Ser chamado povo

Tem povo grande
Povo gordo
Tem povo corvo
Que come
Fica preto
Não engorda
E come

Povo que manda
Que anda
Mas não sobe chapa

Tem povo que canta
Que grita
Povo que rouco de cantar fica
Rouco de ficar rouco

Tem povo que escreve
Que juntas estrelas
Areias da praia
E se diverte

Povo que com palavras
Escritas
Nada diz tudo diz
Come e na engorda
Grita e fica rouco
Mas escreve
E vive
E fica povo

Tem povo que anda
Que se esfomeia
Povo que trabalha e cansa
Tem povo que vai e vem como onda do mar
Sobe chapa cem, duzentos, trezentos
Chapa mil
Sobe e desce como ondas do mar
Povo que vai ao mar e não traz peixe
Porque o povo já pescou
E não deixou peixe para o povo

Tem povo que morre
No fogo e na morte
Povo que morre nas mãos do povo
Povo que tira o peixe que o povo não pescou
E povo não fica calado sem peixe
Mata o povo com seu próprio povo

Tem povo que espera
Nas margens do rio
Povo que pensa que o Zambeze
Deixará de ser rio
Sairá do leito
E ficará nas margens
Esperando que o Save
Deixe de ser rio

Povo que só chora
Não canta
Nem Dança
Não escreve e nada alcança

Ah! Tem muito povo esse meu povo
Povo que nada diz
Que tudo diz
Povo que nunca quis
Ser povo
Ser feito povo


É tanto povo que nem sei
Qual é o meu povo
Que povo sou eu

Nelson Livingston

domingo, 24 de fevereiro de 2008

A VIAGEM

Vai meu barco
Navega leve sobre meu mar
Sobre cada milímetro do meu desejo
Essas ondas que só nós vemos

Vai remando
Escavando minha alma inocente
Instantes eternos dessa viajem eterna

E com cada remada
Uma lufada de ar
Esperança dum futuro distante
Um porto para atracar

Vai minha vela acesa
Solta, vigorosa, carnuda e gloriosa
Vai saboreando momentos
Colhendo ventos
Te saciando de forças para a viajem

Vai para o infinito meu barco
Lá onde não há limites
E tudo faz sentido
Onde os tempos se fundem
E não há passado, não há presente
E não há futuro
O tempo não se mede

Nelson Livingston

sábado, 23 de fevereiro de 2008

À KARINA (IV)

Olha Naira
Te escrevo hoje do ventre que te concebeu

Da beleza que te nutriu

Te escrevo do peito que ainda sugas

Enquanto o tempo te espera

Te escrevo porque te conheço
E te desconheço

Porque queria poder fazer parte de sua história

Te escrevo porque existimos
Na mesma história que já existe


Te escrevo porque temos algo em comum
Amamos com amor diferente embora
Essa alma que nos gerou
Eu com amor distante

Que se chama amizade

E tu com amor sem distância pra medir
Amor de sangue, leite e vida


Escrevo porque quero que fique claro
Que tens uma rua só tua
No emaranhada da cidade do meu coração

Tens uma suite só tua
No hotel universal da minha alma


Nelson Livingston

À KARINA (III)

Tenho medo de voar Karina
E olha que nem asas tenho

Como posso então voar
Como posso ter medo de voar?

Tenho medo de lá do alto Karina
Ver você sorrir, sonhar
E na companhia dos anjos
Ganhar coragem de falar-te coisas bonitas

Coisas celestiais

Tenho medo de voar Karina
Ir para o infinito
Onde tudo faz sentido

Perder a noção das coisas

E nunca mais fechar as asas


Tenho medo Karina

E esse medo cresce

Com cada batimento do coração

Esse medo cresce em segredo mas cresce

Nelson Livingston

Me Beija Borboleta


Me beija borboleta
Me enche de beijos, de nuvens, de chuvas

Me enche de tempestades

Ventos fortes e fracos

Me beija borboleta
Me enche de cores

De dias e melodias
Me enche de liberdade

E de sonhos


Me beija borboleta
Me deixa voar nas tuas asas
Na fragilidade do teu coração cansado
Me deixa deslizar contigo borboleta
Na suavidade do vento


Me beija borboleta
Me beija como beijas as flores
Como te disfarças das dores

Eu sei que não sou flor
Mas me beija

Me beija borboleta
Me beija breve
Me beija leve

Não me grude eu na tua alma
Me beije num instante eterno
Viva eu na memória desse beijo


Me beija borboleta
Me beija agora
Me beija amanhã
Me beija ontem e sempre

No tempo que não existe e não se pode medir
Me beija eternamente borboleta

Nelson Livingston

DESCREVENDO IVONE (IV)



E a politica Ivone
Esse sangue que te ferve nas veias
Um país inteiro comprimido
Nessa tua alma de mulher pequena


Pequena para quem te olha
Quem te vê

Pequena para quem tem fome de grandeza
Nós que escolhemos não te olhar nunca
Não te ver jamais
Só vemos grandeza

Grandeza que sem querer nos faz grandes



E essa fome por uma pátria amada
Mais bem amada

Amada por amantes todos

Amada hoje e manhã

Essa esperança
Que cresce como uma bola de neve
Que leve desce e cresce
Junta esperanças e cresce


A Ivone politiqueira que também conhecemos
A Ivone que nos faz dormir e sonhar

Com um amanhã diferente

Nelson Linvingston

À KARINA (II)

O sol nasceu cedo Karina
E tenho medo que o segredo
Que a noite soube esconder
O Dia não se importe em revelar

O vento já sopra forte
E como a morte que a ninguém ouve
Já desgrenha meu cérebro ocupado
Levando pra longe
As folhas verdes dos meus sonhos

As ruas da minha alma já estão movimentadas
Já tocam sinos nos templos
Acordando os monges
Aos rituais dos amantes

O sol já aquece a vida
Já amolece a cera
E já endurece o barro
Paradoxo não achas Karina?
Que a vida seja também morte
Alegria também tristeza

O tempo vai passar depressa eu sei
Vai ser longo demorado eu sei
Isso também é um paradoxo
Mas a noite vai voltar
A alma vai se soltar
Eu me esconderei outra vez
No escuro dos sonhos
Até que o sol
Cedo volte a nascer

E é um pêndulo eterno
Um vai e vem saboroso
De noite te tenho
De dia me tens
De longe te vejo
E de perto te desejo

Nelson Livingston

DESCREVENDO IVONE (III)



Hoje empunhei o bisturi
E te esquartejo a alma poética
Esse poço que destila palavras
Manancial de sabores em verso


Meu medo se foi Ivone
A alma poética cresceu

Me fiz adulto

E suporto qualquer insulto

Hoje mergulhei fundo
Nas entranhas que te concebem os rabiscos

Esses fogos que se espalhas nas letras


O girassol gira e gira
A vida vai e vem como o mar
E a cada manhã
A poesia nasce dos teus dedos
E rabiscas e rabiscas

E crias mundos sólidos
Vividos e ou por viver e rabiscas


Rabiscas sorrisos e lágrimas
Mel e fel
Rabiscas a vida nua e crua

Tempestades e bonança
Nada artificial


E rabiscas e cresces e cresces
Na sintonia do Zambeze que cresce que se alastra
Que alcança outros mundos outras vidas
E rabiscando rabiscas vidas
Plantas esperanças

E rabiscas

O sol se põe

E o mundo adormece

Mas a vida dentro de ti rabisca e rabisca

Um furacão cresce ao sabor do silêncio
E pela manhã
Em nascendo o dia

Rabisca e rabiscas

Nelson livingston

À Karina(I)

Pedi ao céu que não existisses Karina
Que meus olhos não te vissem nunca
Que em momento algum
De forma alguma nossos caminhos cruzassem

Pedi que meu coração não adormecesse
Não sonhasse como fazem as crianças
Que com barro nas mãos
Fazem mundos de verdade
Com areia da praia sonham sonhos de verdade

Pedi que a lua não me deixasse sozinho
As estrelas me acompanhassem sempre
Queria não estar só
Talvés assim não teria te procurado Karina

Pedi que a madrugada chegasse logo
O dia clareasse e o sonho terminasse
Que esfregasse os olhos e visse a realidade

Mas pedi tarde tarde Karina
Quando o universo já te criou
Meus olhos já te viram
Mas do que se cruzarem
Nossos caminhos coexistiram

O coração já dorme sono profundo
Já sonha com mundos de verdade
Sonhos a realidade

A madrugada demora chegar
O dia continua escuro
Igual o futuro que começa a me cegar

Pedi tarde
E não espero que me oiçam os deuses
Pedi tarde e agora sofrerei pela eternidade toda
Essa dor de te ter e não te ter
De sonhar e não acordar
Acordar e continuar sonhando

Pedi tarde
E estou refém
Dessa sua existência cruelmente gloriosa
Refém dum querer impossível.

Nelson Livingston

O Poema que Me Escreveste


Li Hoje
O poema que me escreveste
Na capulana que te cobre as carnes nuas
No andar louco das ancas
Que sem dó
Me embriagam os olhos

Li no mussiro
Que disfarça a beleza
Na suavidade do rosto que gosto
Essas ondas do mar invisível
A praia onde quero morar

Escreveste na areia
Palavras que só o coração sabe ler
As gaivotas me cantaram a melodia
E eu li o poema que me escreveste

Escreveste no sorriso escondido
Nos dentes alvos
Que me trituram os desejos
Na língua ténue
Que de vermelho coloriu meus sonhos
Li esse poema invisível

No barco que já vai longe
Vela majestosa
Ardendo no vento do mar
Escreveste do amor que desconheces
Do amor que desejas
E eu li

Não sei
Não saberei nunca
Se li o poema que escreveste
Ou o poema que li

Sei porém que li
O poema que meus olhos leram
O poema que teu amor escreveu


Nelson Lvingston

Hoje Sonhei Contigo


Hoje sonhei contigo

Sonhei que voávamos

Nas asas curtas duma andorinha

No vento leve do pensamento


Sonhei meus olhos apalpando

Cada poro de tua pele

Minha boca sugando

Cada mel da tua boca


Sonhei que a lua nos abraçava

E em silêncio nos contava histórias de amor

O sol há muito desaparecido

Continuava quente em nós


Sonhei que o mar era meu

As ondas nasciam do meu coração

E rugiam suaves

Ao som do respirar desejoso


Sonhei que as estrelas

Morriam de inveja da alegria

Que transbordava do nosso leito

Queria ser nosso ar nosso peito


Eu queria acordar

Para pôr as mãos à obra

E construir meu sonho


Eu queria continuar a sonhar

Queria sonhar eternamente

Queria que sonho fosse realidade

Realidade fosse sonho


Nelson Livingston

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Leve nas Palavras

Como uma pluma que desliza ao sabor do vento

Passos ligeiros e gloriosos duma bailarina

Que flutua ao sabor do teclado

Numa longa sinfonia Qwert ou Azert

Umas vezes dedilhando

Pensativo e lentamente

Tic... Tac... Toc!

Outras à velocidade do pensamento

Ruidosa e nervosamente

Tlim, pras, tra, trum, bumm!

Letra aqui, letra ali

Deletando pesadelos tortuosos

Compondo palavras soltas

Rabiscando frases intrincadas

Matreiras no sentido

Enigmáticas...

Metaforizando vivências

Cortando neste Eu

Colando naquele Nós

Poemas arrancados da consciência consciente

Da inconsciência que se quer consciente

Da realidade, dos sonhos vividos e sonhados

Dos pesadelos atrozes pra esquecer

Poemas de mim, de ti, nossos poemas

Sem muito esforço

Criatividade q.b.

Leve nas palavras

E …

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ekhuro Yo Ophenta(the power of love)



Visitei Ekhuro Yo Ophenta.

Mas que mardade!
Isso mesmo MARDADE.
Tomara fosse maldade, menos mal seria
Que egoísmo...
Terem mantido só pa vcs
Esse cantinho que é de poesia demais...
De beleza capaz
De desfazer as faces feias da realidade
Que crueldade deixarem que o poder do amor
Vos consumisse só a vós.

Estou juntando paus e capim.
Estou juntando caniço.
Vou lá fazer minha palhota.
E uma pequena horta para sobreviver.
Regada pelo amor
Sei que terá verduras para toda eternidade.

Vou criar patos e galinhas
Pombos para paz
Vou criar um cachorrinho para me defender
Das noites escuras de tristezas

Vou desposar uma macua ou manhambane
Daquelas belas queimadas pelo sol ilheu
E ou alimentada pelo leite de coco
De corpo farto e amores transbordantes
Para me saciar os sonhos

Vou procriar, multiplicar e encher a terra
Assim como mandou o dono do universo
Vou amar sem reclamar
Amar farto como o mar
Vou pôr a prova Ekhuro Yo Ophenta

Nelson Livingston

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

DESCREVENDO IVONE (II)



NÃO SEI
COMO DIZER

JÁ DISSE

NÃO SEI SE FALO OU CALO

SE ME ATREVO E ESCREVO

E ESSA IGNORÂNCIA ME ESCUDA

ME LIBERTA DO MEDO DE ERRAR


VOU ESCREVER TEUS SORRISOS

E COMO SÃO TEUS MAS ESCRITOS POR MIM

NÃO PRECISAM SER IGUAIS

PODEM SER NOSSOS MESMO QUE DIFERENTES


VOU ESCREVER TUA SIMPLICIDADE

ESSA MARCA QUE MARCA GENTE GRANDE

GENTE DE ALMA QUE TRANSBORDA

ALMA QUE COMO O ZAMBEZE

DESOBEDECE AS FRONTEIRAS E SAI REGANDO VIDAS

SAI INUNDANDO TRISTEZAS


VOU ESCREVER TUA VOZ

QUE SOA MISTURADA COM O MAR

UMA CANÇÃO IGUAL A NAÇÃO QUE TRANSPORTAS

ESSA MELODIA QUE TE TRÁS PRA CÁ FORA

E NOS PÕES NO MESMO ENTENDER


VOU ATÉ ESCREVER TUA BELEZA

ESSA QUE MESMO ESCONDIDA NAS VEIAS

QUE TE IRRIGAM A VIDA

DISFARÇADA NA ALEGRIA QUE TENS DE SOBRA

NA ALMA QUE TE SUSTENTA

AINDA ME CHEGA AOS OLHOS QUE HOJE ESCREVEM


NÃO POSSO ESTAR A MENTIR QUANDO ESCREVO

TOMO O MAR POR TESTEMUNHA

A AREIA QUE TE AFUNDA A ELEGÂNCIA DO ANDAR

ESSE CAMINHAR NO VENTO MALCRIADO

QUE TE DESGRENHA OS CABELOS

E DESNUDA A BELEZA DO ROSTO


TOMO O ÁLCOOL POR TESTEMUNHA

ESSE RIO FRUTO DE SUA GENEROSIDADE

RIO QUE ME DESCE VENTRE ABAIXO

ME SOBE MIOLO AO ALTO

E ME REFRESCA AS IDEIAS


FINALMENTE

ME TOMO A MIM MESMO POR TESTEMUNHA

QUE NÃO POSSO ESTAR A MENTIR QUANDO ESCREVO

ESCREVO E DESCREVO

A IVONE QUE CONHECI



NELSON LIVINGSTON


O Nosso Amor


Olha amor As rosas estão vermelhas
Tão vermelhas como o sol se pondo
E meu coração também
É o amor jovem me sangrando
Memória dos dias idos

Lembras-te quando corríamos amor
Nos jardins dos nossos sonhos
E nos deitávamos como adultos
Mesmo sob intensos insultos
Destilados pela consciência

As rosas encheram a cidade amor
Vieram de cantos distantes
De almas pensantes
Vieram do futuro que mesmo escuro
Existe e nos faz despertar
Com a madrugada grudada na gente

Me perguntaram amor
Esses amantes de amanhã
Me perguntaram se nos amamos
Já que não trago sinal algum de amor
Rosa alguma no palavreado

Me diz se te amo amor
E basta saberes se me amas
Para dizermos às rosas
Que nosso amor existe
Além das pétalas vermelhas

Nelson Livingston

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

DESCREVENDO IVONE (I)





NÃO SEI SE FALO OU CALO

SE ME ATREVO E ESCREVO

O MEDO QUE EM SEGREDO TRANSPORTO

É NESSE MOMENTO QUE ME CONHEÇO

E TAMBÉM ME DESCONHEÇO

QUE ME MERGULHO NO DESESPERO DA ESCASSÊS

NESSA MOMENTO QUE FICA NÍTIDA

A POBREZA DAS PALAVRAS


SE FALO DIGO QUEM É IVONE

SE CALO DIGO QUEM É IVONE

SE ME ATREVO E ESCREVO

FAÇO LINHAS DOS OLHOS QUE OLHARAM IVONE

DOS OUVIDOS QUE OUVIRAM IVONE

LINHAS ATÉ DO PENSAMENTO

ESSE MEU ATREVIMENTO

OUSADIA DE DESCREVER UMA GRANDEZA


ESTOU CONDENADO A DESCREVER IVONE

NO SILÊNCIO QUE ME ATORMENTA

E OU NAS PALAVRAS QUE ESCASSEIAM


NELSON LIVINGSTON

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Na hora de estar só

Hoje apeteceu-me escrever-te oh mãe

Derramar-me nas margens do teu lar

Saborear o chilrear da natureza solitária

E escrever-te


Apeteceu-me dizer-te

Que o mundo cresceu

Está grande, está solto

Como sapato grande no meu pé pequeno

Não me cabe nem mesmo quando estou sereno



Nelson Livingston


Arrependimentos

Se eu soubesse escrever

arrancava as estrelas uma à uma

Deixava o céu nu

E lá, pra que todos vissem, escrevia minha alma

...e as estrelas?

Juntava elas num saco e levava ao bazar

Para enfeitar o coração das mulheres

E enfeitiçar o dos homens

Mas alegrem-se os homens que não sei escrever

Alegrem-se as mulheres que não sabem ler


Nelson Livingston

DANCE WITH MY FATHER


DANCE WITH MY FATHER AGAIN


Back when I was a child
Before life removed all the innocence
My father would lift me high
And dance with my mother and me and then
Spin me around -till I fell asleep
Then up the stairs he would carry me
And I knew for sure I was loved
If I could get another chance, another walk, another dance with him
I-d play a song that would never, ever end
How I-d love, love, love
To dance with my father again

When I and my mother would disagree
To get my way, I would run from her to him
He-d make me laugh just to comfort me
Then finally make me do just what my mama said
Later that night when I was asleep
He left a dollar under my sheet
Never dreamed that he would be gone from me
If I could steal one final glance, one final step, one final dance with him
I-d play a song that would never, ever end
-Cause I-d love, love, love
To dance with my father again

Sometimes I-d listen outside her door
And I-d hear how my mother cried for him
I pray for her even more than me
I pray for her even more than me
I know I-m praying for much too much
But could you send back the only man she loved
I know you don-t do it usually
But dear Lord she-s dying
To dance with my father again
Every night I fall asleep and this is all I ever dream

LUTHER VANDROSS

O GRITO DO MEU POVO...

Grita meu povo
Irmãos do meu sangue índico
Grita do fundo dos bolsos esfarrapados
Da almas dos "purses" esburacados
Grita meu povo

Grita das veias entupidas
Pelo trigo que há muito farta
Dos pulmões corroídos pelo fumo
Dos chapas que não cabem nos bolsos esfarrapados
E ou no nos "purses" esburacados
Grita, grita meu povo

Grita aos ouvidos a muito surdos
Grita com voz rouca
Ânsia louca
Grita do norte e do sul
Nos raios que sobra
Desse sol que há muito deixou de brilhar
Grita meu povo

Grita do Zambeze que nos engole
Das memórias de um futuro melhor
Grita nos sonhos de amanhã
Na esperança de ser ouvido
Grita
Grita meu povo

Grita de cima e de baixo
Com paus e pedras
Grita no silêncio do desespero
Na paciência secularmente economizada
Grita meu povo

Grita sem medo de ser idiota
Sem medo da morte que é certa
Com ou sem grito
Grita meu povo

Grita hoje e amanhã
Aqui e ali
Grita ontem
Que se foi sem grito
Grita sem cérebro sem contas, sem dígitos
Grita apenas com voz
Com vontade de viver

Nelson Livingston

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Amigo Virtual

Não te vejo,
não te sinto,
não sei como és!
Não conheço teu cheiro,
teus olhos, teu andar,
tua boca, teu jeito de falar!..
Teus cabelos, tua tez,
teu sorriso,tua seriedade,
tua sinceridade ou tua falsidade...

Surgiste do nada,
e foste te incorporando
no meu viver!
Alegrias me trouxeste,
em cada amanhecer!..

Ligava o PC e te encontrava,
sempre, antes de mim...
Saia mesmo da cama,
para conseguir te descobrir...

Mensagens de carinho,
de vida, de amor,
de futurescer!
De dias menos gelados,
de uma coberta amiga,
de uma palavra que fosse,
para me fazer viver!

E, hoje, estou aqui,
como em tantos dias,
te esperando,
te imaginando,
pois retratos não são fiéis.

Quero te sentir, te tocar,
muitos beijos te dar,
e, principalmente,
aquele abraço
que sinto através do micro
a cada dia que o desligo,
quando me dizes tchau,
até amanhã,
meu querido, inesquecível,
Amigo Virtual!

AMIGAMEIGA